Resenha | Novel | I'm a Child of this house
outro título: I Belong to House Castielo
É claro que a primeira publicação a não caber no instagram tinha que ser sobre algo que eu achei ruim, não é mesmo? Mas eu sei que vocês amam meus rages.
Primeira resenha negativa, BORA!
Eu conheci essa história pelo manhwa e logo peguei a novel para ler, porque como vocês já sabem, não sei ler nada igual gente. É o tipo de romancezinho isekai super clichê que eu andei lendo ultimamente, mas com uma pegada bem legal no começo. A vida passada da protagonista não tem peso na história, a ponto disso ter se tornado até irrelevante.
Estele é uma menina de 11 anos que possui incomuns olhos cor de rosa, que são o motivo da forma que sua mãe se refere a ela desde o nascimento “Pink Eyes”. Filha de uma prostituta que a maltrata constantemente, ela vive uma vida miserável até que sua mãe decide levá-la até seu pai: o Duque Castielo — e é nesse momento que Estele descobre também a origem da incomum cor de seus olhos: eles são nada menos do que a prova de que ela é da linhagem Castielo, a poderosa família que herdou o sangue demoníaco.
Bem clichê, sim. Mas nesse primeiro momento, a relação dela com o pai e o irmão mais velho, bem como o desenvolvimento dela em relação a seus traumas passados e seus novos vínculos afetivos, é bem legal.
Estele é uma criança, com um pouco mais de consciência (blabla vida passada irrelevante), que saiu de uma vida de maus tratos e traumas em relação a mãe para se tornar a pequena dama de uma casa nobre. Passa a ter um pai e irmão que tentam conhecê-la e a chamam de família, e cavaleiros leais a sua casa que passam a ser leais a ela também.
É nesse primeiro momento que surge Amil, o cavaleiro que se torna seu primeiro vínculo com um adulto na casa, por ele saber lidar com crianças — o perfeito irmão mais velho para ela e seu irmão biológico (que também é novinho). Bem como os outros cavaleiros, como Roy, que posteriormente lhe jura lealdade. Lidando com esse novo universo, Estele começa a descobrir, também, mais sobre sua linhagem e sobre seus poderes — sendo não apenas uma herdeira da casa Castielo, como portadora de um poder quase extinto.
Toda essa vida de adaptação e descobertas da Estele é encantadora, e eu amo essa vibezinha bem familiar no castelo dos Castielo. A história segue um ritmo muito legalzinho de acompanhar. Até o time skip.
E daqui pra frente é só spoiler.
Vamos por partes. Primeiro, a autora teve a brilhante ideia de pegar essa figura de irmão mais velho, o adulto que a acolheu, e transformar em interesse afetivo. Aí você pensa: ah, é só paixonite que vai passar! Mas não… Ele é o par romântico dela. Sim, o Amil que aparece lá em cima, aquela figura de irmão mais velho que pega ela no colo.
E como se isso já não fosse cagado o bastante, ele mesmo tem consciência de que ela se apegou a ele por causa do tempo que conviveram e da figura que ele representava como cavaleiro. Então ele simplesmente a REJEITA E SOME.
Depois esse cidadão aparece como um Marquês (uma reviravolta da família dele que ela não sabia) numa situação que a deixa PÉSSIMA. Publicamente, pra piorar. Pra depois fazer o que? Ir atrás dela dizendo que a ama, querendo iniciar um cortejo formal.
Eu não tenho nem forma de descrever a minha reação nessa cena, de verdade.
Nisso começa o “quero-não-quero” mais porre possível, num desenvolvimento romântico absolutamente terrível. Como se não bastasse a vida amorosa totalmente questionável dos personagens, o resto da história começa a desmoronar também.
O ponto principal da história, no final, é anular o juramento mágico que mantém a família Castielo sob jugo da família real. Além da obsessão da rainha com a família Castielo. E isso tinha potencial pra ser desenvolvido numa parada muito interessante, se não fosse pelo fato da autora ter mesclado o problema entre as famílias com o problema amoroso da protagonista, transformando a princesa numa rival meia boca que fica revoltada porque também queria o papa anjo bonitão.
O fato da vilãzinha final ser construída em torno da ideia de “eu queria ser a menina Castielo” realmente não me convenceu. Talvez ficasse melhor se tivesse sido bem trabalhado, mas achei apenas esdrúxulo.
A autora também desenvolveu bem mal a origem dos poderes da Estele. Sabe-se que pelo pai ela herdou o sangue demoníaco dos Castielo e fica subentendido que ela herdou a habilidade espiritual do clã extinto por parte da mãe, mas no fim as linhagens foram apenas (mal)utilizadas como desculpa pra Estele sair ilesa da luta final.
Foi basicamente: “êeeh, sobrevivi graças a linhagem do the monio, mas não fiquei 100%” e “opa, tudo que herdei se acertou sozinho, tô bem de novo”.
Daí vem uns capítulos pra enfatizar esse romancezinho do casal principal que consegue me enjoar até o último parágrafo, porque além do desenvolvimento ruim a personalidade deles é irritante, e eles viveram felizes.
Em suma: começa bem e vai ladeira abaixo.
Mas ainda pode valer a pena se você quiser acompanhar as partes bonitinhas da infância, ver o duque bonitão e conhecer o dragão mais besta que já vi.